Base Teórica

A COMPAD/RC entende que sua atuação é atravessada pelos aspectos sócio-histórico-culturais da realidade brasileira. Assim, apresentar esta breve e sucinta base teórica nos ajuda a pensar a atuação enquanto Comissão. Todavia, não desconsideramos a ampla produção acadêmica e científica acerca da temática.

Schucman (2010), através de estudos de relações raciais e racismo no Brasil, alega a existência de racismo na cotidianidade da população negra. Para a autora, o enfrentamento do racismo requer o fortalecimento da identidade negra, que se caracteriza como uma categoria política de defesa perante si e perante o outro. Ainda segundo a autora, os indivíduos e os grupos sociais são significados e resinificados sempre em relação ao contexto sócio-histórico-cultural onde se encontram.

Nesse sentido, ser negro no Brasil é uma condição objetiva definida pela cor da pele e pelo passado. De acordo com Nogueira (1998), pesquisas evidenciam que a população negra, atualmente, continua, na média, mais pobre e com menos possibilidades de acesso à educação e aos bens sociais do que o restante da população. A autora afirma, também, que condição do trabalhador negro ainda é inferior à dos brancos, sendo seus rendimentos médios ainda inferiores aos dos brancos.

Nogueira (1998) afirma que são necessárias ações e políticas que visem garantir para a população negra canais de acesso social. Desse modo, a Lei nº 12711, de 29 de agosto de 2012, que dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições de ensino técnico de nível médio, faz parte de um conjunto de ações afirmativas que visam garantir a reparação social da população negra, que tem sido, historicamente, excluída de direitos concedidos a apenas parte da população, como é o exemplo da educação superior.

A COMPAD/RC, desta maneira, a partir da compreensão da realidade da população negra no Brasil, para além das suas atribuições, busca a integração da universidade e da sociedade no debate acerca das políticas de cotas raciais na UFG, buscando contribuir significativamente na promoção da igualdade racial, no enfrentamento ao racismo, na afirmação da identidade negra e no aumento do número de pretos, pardos, quilombolas e indígenas ingressantes na UFG.

 

Referências:

Lei nº 12711, de 29 de agosto de 2012, que dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições de ensino técnico de nível médio.

NOGUEIRA, Isildinha Batista. Significações do corpo negro. Tese de Doutorado, Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.

SCHUCMAN, Lia Vainer. Racismo e antirracismo: a categoria raça em questão. Revista Psicologia Política, v. 10, n. 19, p. 41-55, 2010.

Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. O que são Ações Afirmativas. Disponível em <http://www.seppir.gov.br/assuntos/o-que-sao-acoes-afirmativas>. Acesso em 14 de setembro de 2018.